OROLIX 3

VINHOS



VINHO BRANCO, JEREZ OU... ESTRAGADO
Foi exatamente essa pergunta que eu me fiz quando tomei o Côtes du Jura Cuvée Tradition do produtor francês Baud Père & Fils, safra 1996 (R$ 92 no Club do Taste-Vin).
Tomei conhecimento desse vinho há algum tempo, após ler um comentário no falecido blog do Ed Motta sobre vinhos. Na verdade o cantor havia tomado um vinho diferente do mesmo produtor, o Château Chalon, safra 1992. Mas a “alma” do Cuvée Tradition e do Château Chalon é a mesma.
Explico: Chalon é uma região de 50 hectares que fica na região do Jura (pronuncia-se jurrá), no leste da França, perto da fronteira com a Suíça. Lá são produzidos os chamados vin jaune, que são famosos pela longevidade. Esse tipo de vinho é feito de um jeito parecido com o Jerez, o vinho fortificado espanhol que é bebido como aperitivo. Ou seja, um vin jaune é oxidado de propósito. Funciona assim: o vinho é feito normalmente, com a uva francesa savagnin (parente da gewurztraminer). Depois, as tampas dos tanques de fermentação são abertas para o vinho ter contato com o ar. Deixar um vinho aberto por muito tempo, em contato com o oxigênio, é um processo que, normalmente, estraga a bebida. Mas, nesse caso, é algo desejável.
Bom, o vinho fica lá um tempão, em contato com o ar. As leveduras e bactérias entram em ação e o vinho produza uma, digamos, película branca que os franceses chamam de “flor”. Depois o vinho vai repousar em barris de carvalho. Chega a ficar lá por até seis anos, o que é um bocado de tempo para qualquer tipo de vinho. E aí ele é engarrafado.
Eu adoro uma novidade. Não acho que o mundo do vinho deve ser chato e quadrado, muito pelo contrário. Embuído desse espírito, abri o vinho. Não esperava que ele fosse tão fantástico como disse o Ed Motta, mesmo porque eu sabia que o Cuvée Tradition seria um vinho inferior ao Chalon (um é intermediário para a Baud, enquanto o outro é o top de linha da vinícola). Mas confesso que me decepcionei.
Logo de cara, no exame visual, a primeira surpresa. O vinho tem uma coloração amarela muito, muito forte. Das duas uma: ou seria um Jerez ou estaria estragado.
Fomos ao nariz. Muito mel, flor, castanhas, manteiga. Pelos aromas, o vinho prometia muita untuosidade na boca. Lembrava o cheiro de um vinho de sobremesa, mas não tão doce. Meu cérebro já começava a dar um nó…
Provei. Numa frase, na boca o vinho não tinha absolutamente nada a ver com o que ele indicava na aparência e nos aromas. Um vinho seco, sem corpo e… sem gosto. Jerez não era. Estragado? Branco leve que nem água? Quero dizer, ele estava mais para vinho amarelo do que branco… Cadê a untuosidade? Persistência zero. O vinho praticamente sumia na boca. Parecia evaporar.
No fim das contas, não consegui terminar a garrafa. Foi uma experiência válida, mas com resultado muito ruim. 100% de estudo e 0% de prazer. Esse vinho me lembrou um pouco o Insólito, da Cave Ouvidor, sobre o qual eu escrevi aqui outro dia. Prometia demais no exame visual e no olfativo, mas fracassava na boca. A sensação que eu tive com esse Jura foi a mesma. Decepcionou.
Tenho um amigo que diz que, com exceção dos tops da Borgonha, é sempre bom desconfiar de um vinho branco com muitos anos de vida. Ou ele está ótimo ou passou do ponto. No caso desse vinho intrigante do Jura, eu arrisquei esperando altos ganhos. E perdi.







Essa é para quem gosta de uma coisinha diferente. Outro dia eu tomei um vinho libanês.
Roubada? Ledo engano. Se fosse numa degustação às cegas, eu juraria que se tratava de um legítimo Bordeaux.
O nome da criança é Château Musar. É o maior ícone do Líbano e um vinho delicioso. Tomamos a safra 1999. Estava ainda jovem, frutado e delicado. Bons aromas e ótima acidez. Para o meu gosto, só faltou um pouquinho de corpo (aquela sensação de “peso” e volume na boca), mas nada que prejudique muito o vinho.
O Château Musar é produzido no Vale de Bekaa, uma das mais antigas regiões vinícolas do mundo. Ele é feito com um corte das uvas cabernet sauvignon (predominante) e cinzel, tem 14% de álcool e é uma boa pedida se você quiser impressionar alguém. Junto com o Château Kefraya, o Musar é o mais emblemático exemplar do Líbano, o que o torna um vinho exótico por definição.
Se você quiser experimentar uma garrafinha, pode comprá-lo na importadora Mistral. Não é um vinho barato: lá ele custa R$ 143. Mas vale a pena.

Os 100 melhores da Wine Spectator
A revista americana Wine Spectator publicou hoje a esperada lista dos 100 melhores vinhos de 2007.
Como eu já escrevi aqui neste blog, não se trata de um ranking absoluto, definitivo ou infalível, mas uma referência importante do mercado. Isso significa que vale a pena você ler e conhecer os vinhos listados. Mas só emitir a sua opinião depois que degustá-los. Daí, resta concordar ou não com as avaliações da revista.
Eis a lista dos 10 primeiros, com suas pontuações (de zero a 100) e o preço em dólar nos Estados Unidos:
1° - Clos des Papes Châteauneuf-du-Pape 2005 - França - 98 pontos - US$ 80
2° - Ridge Chardonnay Santa Cruz Mountains 2005 - EUA - 95 pontos - US$ 35
3° - Le Vieux Donjon Châteauneuf-du-Pape 2005 - França - 95 pontos - US$ 49
4° - Tignanello 2004 - Itália - 95 pontos - US$ 79
5° - Two Hands Shiraz Barossa Valley Bella’s Garden 2005 - Austrália - 95 pontos - US$ 60
6° - Château Léoville Las Cases St.-Julien 2004 - França - 95 pontos - US$ 90
7° - Ornellaia Bolgheri Superiore 2004 - Itália - 97 pontos - US$ 150
8° - Mollydooker Shiraz McLaren Vale Carnival of Love 2006 - Austrália - 95 pontos - US$ 80
9° - Robert Mondavi Cabernet Sauvignon Napa Valley Reserve 2004 - EUA- 95 pontos - US$ 125
10° - Krug Brut Champagne 1996 - França - 99 pontos - US$ 250
Para fazer o download da lista completa, clique aqui com o botão direito do mouse e escolha a opção “Salvar como”. No próximo post eu faço algumas considerações sobre a lista.


Vinhos para o dia-a-dia
Duas recomendações matadoras:
1. Uxmal, um vinho básico produzido pelo já lendário produtor argentino Nicolás Catena Zapata. Frutado, leve, delicioso para a sua proposta. E baratíssimo: com o dólar baixo, ele sai por cerca de R$ 18 a garrafa. Se puder, corra lá na importadora Mistral e compre uma caixinha.
2. Finca Sophenia, outro argentino ótimo. Vá de malbec. É um pouco mais caro (cerca de R$ 50 a garrafa), mas vale ter em casa para quando você quiser tomar um belo vinho, gastar pouco e não correr riscos. É vendido pela Expand.
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A arte de fazer um grande vinho
Acabei de ler um livro interessante: “A arte de fazer um grande vinho”, do jornalista americano Edward Steinberg. Conta a história do produtor de vinhos Angelo Gaja (pronuncia-se Gaia), um dos maiores da Itália.

O livro me despertou sentimentos controversos. Principalmente pela maneira como foi escrito. Se por um lado seu conteúdo é ótimo (porque a história de Gaja é fascinante), por outro ele poderia ter sido mais bem estruturado por Steinberg. O autor escreveu o livro em capítulos em ordem cronológica e eles não necessariamente têm coesão entre si. Respeito o estilo literário de cada um, mas, nesse caso, esse formato só atrapalha o leitor, que tem que ficar caçando uma “ordem” para entender a vida e a obra do Gaja. O melhor da história fica perdido no meio de cada capítulo.
Steinberg conta duas histórias de maneira entrelaçada: a fabricação do vinho Sori San Lorenzo 1989 e a trajetória do Angelo Gaja. São duas histórias muito interessantes. Gaja é possivelmente o maior nome da Itália, o produtor que colocou o país no mapa dos grandes vinhos, sobretudo nos Estados Unidos e na Inglaterra, os dois grandes mercados consumidores da bebida. Ele transformou a região de Barbaresco, vizinha a Turim, no Piemonte, numa referência internacional. O vinho que é feito lá, que leva o mesmo nome, num dos mais cultuados do planeta. E ele próprio numa celebridade entre os enófilos.
O livro foi lançado no Brasil em 22 de outubro. É publicado aqui pela editora WMF Martins Fontes, tem 294 páginas e custa R$ 47,50. Mesmo com os problemas de estrutura editorial, vale a pena conferir. Nem que seja para ficar com mais vontade de ler uma história mais bem escrita sobre o Gaja. Ou, quem sabe, até comprar um de seus vinhos.

1 comentários:

Anônimo

30 de janeiro de 2022 às 10:42

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